quinta-feira, 2 de agosto de 2012

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[Resenha] O CORTIÇO



Sinopse: Romance de Aluísio Azevedo que conta diversas histórias paralelas com relação a um Cortiço de propriedade do português João Romão, entre elas a da moradora Rita Baiana é uma mulher expansiva e liberada que se envolve com Jerônimo, jovem lusitano recém-chegado ao Brasil, a do dono do Cortiço com a negra Bertoleza, e sua rivalidade com o rico vizinho Miranda,a de Pombinha, sua mãe D. Isabel e a prostituta Léonie, e outras mais que demonstram a natureza humana da visão Naturalista.







Por Sueli de F. Z. Sousa

 
O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, é a mais importante obra naturalista da literatura brasileira.
Uma característica importante de ressaltar na prosa naturalista é o detalhamento do ambiente físico e social, isto tudo, como se o autor estivesse munido de uma filmadora versátil, que pudesse compor e decompor os mínimos detalhes.
No cortiço, homens e mulheres são expostos através de uma visão biológica, com destaque para o lado físico, instintivo, animal e até degradante.
Assim, neste romance, é retratado a face do cotidiano massacrante, do casamento por interesse, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo, da impotência do ser humano comum diante dos poderosos.
O cortiço é uma habitação que pertence ao português João Romão e este ambiente é cenário para vários tipos humanos: trabalhadores, prostitutas, malandros, lavadeiras, homossexuais e outros. O narrador apresenta a ascensão de João Romão, através do Cortiço e da pedreira onde os moradores alugam seus casebres e compram fiado na venda de João que, explorando-os, vai enriquecendo, vive com auxílio da escrava fugida, Bertoleza, para quem ele havia forjado uma carta de alforria.
Com sua ambição de se tornar um representante da oligarquia, igual seu vizinho Miranda, que mora no sobrado ao lado do cortiço, não hesita em usar de todos os meios para se casar com sua filha. Bertoleza passa a ser um obstáculo, então denuncia a fuga da escrava aos seus antigos donos, que vão busca-la acompanhados da polícia e ela ao concluir que fora traída, suicida-se.
Enfim, o romance aborda a sociedade do Rio de Janeiro, por volta de 1880, onde antagonicamente figuram dois mundos: da alta sociedade (minoria), que vivia nos palacetes, à moda europeia, com suas lojas e café e se diferia da camada pobre, da qual exploravam; que eram os escravos e trabalhadores livres (imigrantes italianos e portugueses) que viviam em péssimas condições.
A importância da obra está na possibilidade de refletir sobre a realidade brasileira de séculos passados e poder relacionar ao século XXI com a vivência de comunidades nas grandes cidades em que os cortiços mudam sua configuração para as favelas e a vida do ser humano com dificuldades que ainda predominam e outras que surgem com a mudança social.

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