Sinopse: Romance de Aluísio Azevedo que conta diversas histórias paralelas com relação a um Cortiço de propriedade do português João Romão, entre elas a da moradora Rita Baiana é uma mulher expansiva e liberada que se envolve com Jerônimo, jovem lusitano recém-chegado ao Brasil, a do dono do Cortiço com a negra Bertoleza, e sua rivalidade com o rico vizinho Miranda,a de Pombinha, sua mãe D. Isabel e a prostituta Léonie, e outras mais que demonstram a natureza humana da visão Naturalista.
Por Sueli de F. Z. Sousa
O
Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, é a mais importante obra naturalista da
literatura brasileira.
Uma
característica importante de ressaltar na prosa naturalista é o detalhamento do
ambiente físico e social, isto tudo, como se o autor estivesse munido de uma
filmadora versátil, que pudesse compor e decompor os mínimos detalhes.
No
cortiço, homens e mulheres são expostos através de uma visão biológica, com
destaque para o lado físico, instintivo, animal e até degradante.
Assim,
neste romance, é retratado a face do cotidiano massacrante, do casamento por
interesse, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo, da impotência do ser
humano comum diante dos poderosos.
O
cortiço é uma habitação que pertence ao português João Romão e este ambiente é
cenário para vários tipos humanos: trabalhadores, prostitutas, malandros,
lavadeiras, homossexuais e outros. O narrador apresenta a ascensão de João
Romão, através do Cortiço e da pedreira onde os moradores alugam seus casebres
e compram fiado na venda de João que, explorando-os, vai enriquecendo, vive com
auxílio da escrava fugida, Bertoleza, para quem ele havia forjado uma carta de
alforria.
Com
sua ambição de se tornar um representante da oligarquia, igual seu vizinho
Miranda, que mora no sobrado ao lado do cortiço, não hesita em usar de todos os
meios para se casar com sua filha. Bertoleza passa a ser um obstáculo, então
denuncia a fuga da escrava aos seus antigos donos, que vão busca-la
acompanhados da polícia e ela ao concluir que fora traída, suicida-se.
Enfim,
o romance aborda a sociedade do Rio de Janeiro, por volta de 1880, onde
antagonicamente figuram dois mundos: da alta sociedade (minoria), que vivia nos
palacetes, à moda europeia, com suas lojas e café e se diferia da camada pobre,
da qual exploravam; que eram os escravos e trabalhadores livres (imigrantes
italianos e portugueses) que viviam em péssimas condições.
A
importância da obra está na possibilidade de refletir sobre a realidade
brasileira de séculos passados e poder relacionar ao século XXI com a vivência
de comunidades nas grandes cidades em que os cortiços mudam sua configuração
para as favelas e a vida do ser humano com dificuldades que ainda predominam e
outras que surgem com a mudança social.
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