Sinopse: Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos
maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa
menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca",
Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje
indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiuçam,
o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado
ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem
quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu
é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também
já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás
Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da
ambigüidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter
inventado.
Por: Sueli de F. Z. Sousa
Na
segunda metade do século XIX, a literatura não pode mais viver da idealização do
tempo romântico. Entra em cena a arte mais objetiva e que atenderá aos desejos do
momento que era: analisar, compreender e criticar a realidade. Assim, surge as
três correntes literárias realismo, naturalismo e parnasianismo.
É
com Machado de Assis e sua obra Dom Casmurro, pulicada em 1899, que se analisa
psicologicamente as personagens, tornando-se um romancista brasileiro de
interesse universal. Dom Casmurro tematiza o adultério, sob o olhar do narrador
personagem e explora como motivo literário, o triângulo amoroso nas personagens
Bentinho, Capitu e Escobar.
No
romance, Capitu e Bentinho se conhecem desde crianças, sempre juntos, começam a
se amar. Ele está destinado ao seminário por uma promessa da mãe, mas é
desfeito o compromisso e então casa-se om Capitu e tem um filho, Ezequiel.
Os
dois possuem uma amizade com Escobar e sua mulher Sancha. Escobar morre e no velório
Bentinho observa Capitu e estranha sua reação diante do defunto, o que o leva a
suspeitar da fidelidade da esposa, sendo agravado pelo fato de achar que o
filho de parece com Escobar. As desconfianças de Bentinho levam à separação do
casal.
O
romance traz-nos uma visão ambígua dos fatos, oscilando entre dois polos:
Capitu traiu ou não Bentinho? Fascinante como Machado de Assis provoca no
leitor o interesse de decifrar a enigmática personagem feminina da literatura
brasileira. Romance que perpassa todos os tempos e com sua incrível proeza o
autor prende-nos aos capítulos, pois provoca questionamentos e opiniões
pessoais, mas nunca saindo da expectativa de respostas, tudo é uma incógnita.