quarta-feira, 18 de julho de 2012

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[Resenha] A ABADIA DE NORTHANGER




Sinopse:A Abadia de Northanger é considerado um dos trabalhos mais ligeiros e divertidos de Jane Austen. De facto, para além dos ambientes aristocráticos da fina-flor inglesa do século XVIII, encontramos aqui uma certa dose de ironia, sátira e até comentário literário bem-humorado.

Catherine Morland é porventura a mais estúpida das heroínas de Austen. A própria insistência no termo “heroína” ao longo da obra e a constatação recorrente do quão pouco este epíteto se adequa à personagem central fazem parte da carga irónica da história. E se Catherine é ingénua para lá do que seria aceitável, e o seu amado Henry a personificação de todas as virtudes masculinas mais do que seria saudável, a perfídia dos maus da fita - amigos falsos, interesseiros e fúteis – não lhes fica atrás no exagero. Tudo isto seria deveras irritante não fora o tom divertido com que Austen assume ao longo das duas partes que constituem este livro o quão inverosímeis são as suas personagens…

Acrescente-se a paródia do romance gótico e do exagero em que induz as suas leitoras, e uma crítica inteligente aos críticos que acusam o romance de ser fútil e “coisa de mulheres”, e temos uma interessante historieta de amor, escrita com bastante graça e capaz de ultrapassar a moralidade caduca que nos habituámos a esperar da pena de Jane Austen. 





O livro já inicia destacando a inferioridade de condições da protagonista que se torna obstáculos à formação de sua imagem como heroína: “Ninguém que tivesse visto Catherine Morland quando criança teria imaginado que ela nascera para heroína. Sua situação de vida, o caráter do pai e da mãe, sua própria pessoa e disposição, tudo ia contra ela”. Ela é o oposto do ideal, tanto em aparência quanto em personalidade: não possui feições bem definidas nem inclinação para os estudos, possui uma vivacidade que a impede de realizar as tarefas mais comuns às mulheres.
Esse é um prelúdio para conhecermos a sociedade do século XIX e o que o senso comum julgava as virtudes e dotes necessários a uma moça para que seja reconhecida.
Catherine deseja ingressar nessa sociedade que supostamente lhe ofereceria uma vida cheia de emoções como as dos livros que lia e tanto faziam fluir sua imaginação. Nada melhor para seu espírito vivo do que os romances góticos, cheios de personagens bizarros e situações surpreendentes. Isso começa a acontecer quando viaja para Bath. Frequenta bailes e passeias com a senhora Allen, com quem se hospeda e conhece pessoas que futuramente a decepcionarão e também pessoas que farão maior parte da sua vida como também aquele por quem virá a se apaixonar, Henry Tilney, um jovem cavalheiro de posses.
Posteriormente, tem sua estadia na misteriosa Abadia de Northanger, morada de seus mais novos amigos e onde viverá um conflito pessoal entre o imaginário e a realidade.
Nesses dois ambientes ela lida com situações que fazem-na imaginar-se como no clímax dos livros e também com pessoas que lhe fazem repensar seu julgamento inicial sobre o ser humano.
É no decorrer do livro que a protagonista cresce e se tornar mais próxima do ideal de heroína e com o fim de suas ilusões, da forma idealizada e romântica que via a vida e os seres humanos, que é acrescentada à sua personalidade um pouco da melancolia necessária às protagonistas dos livros românticos.
A Abadia de Northanger é, pois, um livro que merece sua autora. Jane Austen mescla a crítica da sua época, dos usos e costumes com a crítica à literatura dos romances góticos, com seus exageros, nos quais Catherine é viciada. Sua temática incomum de uma heroína imperfeita, mas que possui uma integridade e disposição de caráter que a torna adorável e impede de ser vista com maus olhos, nos arrebata desde o começo do livro. É uma leitura divertida que nos faz sentir próximos a Catherine por sua simplicidade, confusão e ingenuidade, e mesmo que não possua grandes acontecimentos, nos sentimos presos a essa personagem que se torna muito querida, mesmo não fazendo parte daquele ideal e por fim torcemos para que o elemento essencial aos romances, que é o amor, se concretize, mesmo parecendo tão improvável no decorrer da narrativa.

10 comentários:

  1. Não conhecia esse livro da Jane, gostei.
    Sabia que hoje fazem 195 anos que ela morreu ?? O.O
    Ótima dica :)

    Beijoos
    http://secretsentreamigas.blogspot.com.br/

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    1. Sério Barbara?Nossa senhora tudo isso já? Meu Deus \o/
      Ainn esse livro é lindo,vale a pena lê-lo *--*
      Obrigada pela visita!
      Beijokas

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  2. Apesar de ser suspeita quando o assunto é Jane Austen *-*' Acho tudo fantástico quando se trata dessa autora. rs'
    Parabéns pela resenha, ficou ótima! (:
    Beijos

    Líbia

    http://descobrinasentrelinhas.blogspot.com.br/

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    1. Ainn Líbia obrigada pela visita!
      Sim a Jane Austen é Maravilhosa,eu amo ela....
      Beijokas....

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  3. Li há pouco tempo. Livro cinco estrelas! Quem quiser saber uma curiosidade inimaginável sobre Jane Austen dê uma olhadinha aqui: http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2011/05/resenha-persuasao.html Parabéns pela resenha! Bjs!

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  4. otima resenha!
    Amo Jane Austen, mas esse eu ainda não li, eu tenho ele, mas me falta tempo para ler. mas irei ler em breve.

    http://lostgirlygirl.blogspot.com.br/

    bjos

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    1. Michele, Obrigada ! \o/
      Também amo a Jane, mas quando tiver um tempinho aproveite pra ler, esse livro é ótimo!

      bjus

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  5. Ótima resenha! Eu sou suspeita pois amo os livros da Jane! Bjus
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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    1. Acho que todas somos, né?! Ela é incrível !! \0/ Agradeço pelo comentário . Beijos! :3

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